A resposta para os futuros desafios alimentares globais pode vir não de tecnologias futurísticas e revolucionárias, mas das lições do passado.

Desde a década de 1960, a alimentação na maioria dos países ocidentais passou a depender fortemente da carne.

Mas, com a demanda global de alimentos disparando - a população mundial já superou os 7 bilhões de pessoas e ainda há milhões passando fome - são necessárias outras fontes de proteínas de alta qualidade.

A resposta para esse desafio pode ser encontrada em plantas que já eram conhecidas pelas civilizações Maia e Inca, e que agora estão de volta à moda, como a quinoa, o amaranto e outras.

É o que defendem pesquisadores de 13 países envolvidos no projeto Protein2Food (proteínas convertidas em alimentos, em tradução livre), que está estudando os hábitos alimentares dessas culturas antigas e como suas dietas podem ser adaptadas à realidade atual - 11 países são da União Europeia, mais Peru e Uganda.

Proteínas de plantas

O projeto visa desenvolver proteínas alimentares de alta qualidade a partir do cultivo de vários tipos de sementes (como quinoa e amaranto) e leguminosas (tremoço, feijão e lentilhas), utilizando uma abordagem multidisciplinar envolvendo genética, agronomia e engenharia de alimentos.

Um dos objetivos de curto prazo é acelerar o processo de migração do consumo de proteínas contidas em carnes animais para proteínas contidas nas plantas.

"As proteínas da quinoa e do amaranto contêm todos os aminoácidos essenciais, portanto, mesmo que elas tenham um nível de proteína menor do que as leguminosas, elas têm uma maior qualidade nutricional," disse o professor Cataldo Pulvento, do Centro Nacional de Pesquisas da Itália.

Só benefícios

"Nós podemos comer carne, ela tem gosto bom, mas é muito cara considerando a terra que temos que usar para produzir as plantas necessárias para alimentar os animais. E então temos um enorme consumo de água por cada quilograma de carne (produzido), o que é cerca de dez vezes maior do que para as plantas," disse Sven-Erik Jacobsen, professor da Universidade de Copenhague e coordenador do projeto Protein2Food.

A equipe defende que, se o nosso consumo alimentar mudasse das proteínas animais para as proteínas vegetais, isso reduziria nossa pegada de carbono e melhoraria a biodiversidade e a saúde humana.

"Nossa dieta será muito mais diversificada, a fertilidade do solo vai melhorar. Podemos dizer: são apenas benefícios," disse o professor Jacobsen.