Substâncias contidas nos alimentos podem contribuir para a prevenção de tumores.

Alguns tipos de alimentos podem fazer mal à saúde e colaborar para o surgimento de doenças do coração, do sistema digestivo, entre outras. A interferência de certas substâncias pode, também, aumentar a incidência do câncer. Em algumas literaturas, estima-se que, entre as causas que envolvem o surgimento de neoplasias, 20% delas podem ser explicadas através da alimentação.

A dieta desequilibrada colabora para que as substâncias dos alimentos ingeridos afetem o colesterol, o sistema imunológico e, no sistema digestivo, o ritmo intestinal, que pode desacelerar e criar um ambiente propício para o desenvolvimento de células cancerígenas. É por isso que existem os alimentos funcionais.

— Eles se caracterizam por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, dentre outras — explica a nutricionista da Clinionco e especialista em Nutrição em Oncologia, Cristiane Bueno.

O pigmento vermelho dos vegetais, por exemplo, chamado de lipoceno, tem uma afinidade especial com os tecidos da próstata e das mamas segundo alguns pesquisadores, concentrando-se nessas regiões. O resveratrol da uva e do vinho, por sua vez, tende a ficar no plasma do sangue e nos tecidos d sistema urinário. Já compostos fenólicos, como o allium, que está na cebola, no alho e na cebolinha, “trabalham” no estômago e no intestino, atuando em diferentes etapas do processo que leva ao câncer nesses órgãos.

O excesso de gordura corporal, principalmente em casos de obesidade, pode ser um grande vilão na luta contra o câncer. As células de gordura são ativas na produção hormonal e em fatores de crescimento, características que contribuem para acelerar a divisão e a reprodução celular. Quanto mais células se duplicam, maiores as chances de alguma replicação ser inadequada, originando uma célula maligna.

— Qualquer tipo de obesidade é preocupante, mas aquela onde a gordura localiza-se na região abdominal é considerada a mais perigosa, devido ao acúmulo de gordura sobre os órgãos da região do abdômen, causando maior produção de hormônios inflamatórios — explica Cristiane.

Segundo ela, os alimentos que estão mais ligados ao acúmulo de gordura são especialmente os de origem animal, como carne vermelha com gordura, nata, manteiga, banha de porco, leite e derivados, entre outros.

A diabetes também é um problema. A resistência insulínica, com um aumento excessivo da insulina, estimula o consumo exagerado de açúcar pelo organismo.

— Isso leva a produção de um hormônio chamado IGF-1, que significa fator de crescimento insulínico 1. O hormônio favorece o crescimento de células exageradamente, aumentando o risco de câncer. Há uma resposta inflamatória aumentada, fator desencadeante de falhas na função celular e que estão ligadas ao surgimento da doença — afirma o médico do Centro de Prevenção do Câncer da Clinionco, Rafael Castilho Pinto.

A biblioteca virtual do Ministério da Saúde tem uma tabela com informações sobre os alimentos funcionais e como atuam. Confira:

Ácido a – linolênico Ação: estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória Alimentos onde é encontrado: óleos de linhaça, colza, soja; nozes e amêndoas

Ácidos graxos ômega-3 Ação: redução colesterol, ação anti-inflamatória. É indispensável para o desenvolvimento do cérebro e da retina de recém nascidos Alimentos onde é encontrado: peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova, arenque, etc

Catequinas Ação: Reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico Alimentos onde é encontrado: chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa, vinho tinto

Estanóis e esteróis vegetais Ação: reduzem risco de doenças cardiovasculares Alimentos onde é encontrado: extraídos de óleos vegetais como soja e de< madeiras

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