O organismo tem dois tipos de gordura: a branca e a marrom. A primeira acumula energia

no corpo devido ao excesso de comida e falta de exercício físico. Já a marrom, "gordura boa", é importante para a termogênese. Ela desempenha um papel importante no controle do peso e índices mais altos dela podem proteger contra a obesidade, gerando calor corporal para nos aquecer, o que estimula o emagrecimento.  Uma das formas dessa gordura, que é a ativada no frio, suga a gordura do resto do corpo para usar como combustível. Outro estudo recente afirma que uma segunda forma dela pode ser criada da gordura branca comum, através do exercício.

 

A ciência já conhecia a existência desse tipo de tecido adiposo há muito tempo. Ele é, na verdade, uma herança da nossa evolução. Sua principal função é gerar calor. Ajudou, dessa maneira, a evitar que os homens morressem de frio lá nos primórdios da história, quando a humanidade estava perigosamente exposta a baixas temperaturas.

 

Ela é encontrada, principalmente, em animais que hibernam e recém-nascidos que não tremem, justamente pela sua habilidade de produzir energia térmica. No homem, a gordura marrom tem grande importância nos primeiros meses de vida - por isso neste período este tecido se apresenta em quantidade abundante - sendo responsável pela produção de calor, protegendo o recém-nascido do frio excessivo. Depois se reduz a quantidades mínimas no adulto, correspondendo somente a 5-10% do tecido adiposo.

 

A gordura marrom fica localizada principalmente na nuca, ombros, coluna vertebral, órgãos importantes e vasos sanguíneos. Foi constatado que indivíduos obesos têm menos gordura marrom que os magros; homens têm menos gordura marrom que as mulheres; idosos têm menos gordura marrom que os jovens; e pessoas com excesso de açúcar no sangue têm menos gordura marrom.

 

Estudos verificaram que quem tem mais deste tipo de gordura tem maior facilidade de emagrecimento ou não engorda com tanta rapidez. Estima-se que 50 gramas de tecido adiposo marrom ativo sejam suficientes para elevar em 20% a taxa do metabolismo basal (a quantidade de calorias que o organismo utiliza, em repouso, para manter o funcionamento dos órgãos). Por essa conta, um indivíduo que consiga acionar as células de gordura marrom poderia perder até cinco quilos, em um ano, mantendo a mesma dieta e o mesmo nível de atividade física.

 

Mais estudos estão sendo realizados com o objetivo de criar medicamentos e substâncias que estimulem a produção desta gordura no organismo, tornando o emagrecimento mais fácil. Três grupos de pesquisa, independentes, divulgaram que haviam descoberto a gordura marrom em adultos. Eles conseguiram percebê-la quando as pessoas eram colocadas em salas geladas, usando apenas finas roupas de hospital. Baixas temperaturas elevam a concentração de um hormônio fabricado no coração (peptídeo natriurético) e conhecido por interferir no controle da pressão arterial. Foi verificado que ele também ativa o tecido adiposo marrom.

 

As avaliações conseguiram detectar a gordura porque ela absorve a glicose. Porém não é porque a gordura marrom absorve a glicose que ela está necessariamente queimando calorias. Ao fazer uma análise diferente, que mostra o metabolismo da gordura, um grupo descobriu que a gordura marrom pode queimar a gordura comum e que a glicose não é a fonte principal de combustível para essas células. Quando elas ficam sem energia, passam a sugar a gordura do resto do corpo.

  

Esforços também estão sendo feitos para entender e conseguir provar como diversas proteínas atuam para estimular o funcionamento do tecido adiposo marrom. Uma delas é a proteína BMP8B.  Pesquisadores constataram que a aplicação da substância no cérebro de animais promoveu uma resposta mais forte das células de gordura marrom.Outra  substância, chamada PRDM16, uma proteína muscular ,está envolvida na produção do tecido marrom. As células de gordura marrom estão intimamente relacionadas ao músculo esquelético, e o PRDM16 pode instruir as células-tronco a se tornar células de gordura marrom.

 

 

Existe outro tipo de gordura marrom, difícil de ser estudado porque geralmente está disperso na gordura branca e não existe em grandes quantidades. Pesquisadores descobriram essa gordura em ratos, há poucos anos. Mas, pelo menos em ratos, o exercício pode fazê-la aparecer, transformando gordura branca comum em marrom, devido a um hormônio chamado irisina, presente tanto em ratos como em humanos.

 

A realização de exercícios de repetição, por períodos mais prolongados, aumenta no organismo a concentração do hormônio irisina. Produzido pelos músculos a partir do exercício, o composto parece induzir à formação de tecido adiposo marrom em vez de estimular a produção da gordura branca, aquela que guarda gordura.

 

 

Fonte: Revista Isto É -Ed.13/08/2012